'I love you cos i see you, not your actions'
12 de fevereiro de 2014
Até que ponto é possível ignorar o passado de alguém que nos é (muito) querido? Passado esse que sim - não nos incluí de nenhuma forma na linha cronológica da vida; passado esse que sim - pode muito bem alterar a perspectiva integral que temos sobre essa pessoa; passado esse que sim - nos corrói, nos faz duvidar e faz com que nos comparemos às pessoas que vão lá atrás, com medo de não sermos tão boas, tão importantes, tão especiais, tão tudo; como elas foram.
E quando esse passado só vem ao de cima quando já amamos esse alguém, e já temos uma ideia formada (mesmo que seja ilusória) à cerca desse alguém:
primeiro, vem o receio - o medo de não estar bem enterrado porque segundo o que a sabedoria popular diz "o tempo cura tudo", e em alguns casos, não houve assim tanto tempo para o meter num caixão;
depois, vem a desconfiança - a desconfiança trazida pelo ditado que se acredita tanto principalmente quando se é mulher : "quem mente/esconde uma vez, mente duas e três", e passa-se a desconfiar de tudo o que é dito, mesmo que as acções e os carinhos demonstrem o contrário;
a seguir, vem o medo - o medo de que a pessoa que temos perante nós, não seja aquela que idealizámos, que não seja aquela que abraçámos na noite passada. O facto de não conseguirmos encaixar atitudes terríveis praticadas pelo nosso amor para com outros no refúgio que tanto amamos, faz-nos ir buscar algumas 'crenças' pessoais, crenças que defendem ou não que as pessoas possam mudar radicalmente de vida, de horizontes, de perspectivas, de atitudes. Que possam mesmo não se orgulhar do que fizeram no passado, não o querendo repetir;
depois, o modo de auto-defesa- o distânciamento, porque não queremos que esse passado se repita connosco, porque não queremos passar do 8 ao 80, porque não queremos ser mais uma na vida dessa pessoa que entrou, sonhou, e de um momento para o outro, viu o mundo a estilhaçar-se perante os seus olhos;
e finalmente, vem a auto-destruição, da pouca confiança que começávamos a ter em nós graças a um novo amor na nossa vida - o medo de não ser tudo na vida da pessoa 'x', o medo de que o grande amor da vida dessa pessoa esteja lá atrás e que não seja eu - que nunca o venha a ser apesar das palavras e das atitudes.
e começo a achar que para se ser plenamente feliz, é preciso ficar-se na ignorância.
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